quinta-feira, 31 de julho de 2008

Texto de fila de banco.



À espera.

Eis aqui o maior problema das grandes cidades: a necessidade de esperar.
Você espera para pegar o ônibus e espera (muito) para chegar ao destino.
Espera nas filas-sem-fim de supermercados, casas lotéricas, bancos, repartições públicas, consultórios...
Quando trabalha, espera que as horas corram para poder sair dali.
Quando estuda, espera que aquelas aulas chatas acabem logo para você se libertar.
E assim o dia termina.
Você novamente espera o ônibus e nele espera para voltar pra casa.
E assim, os dias todos terminam...

[Conjugação]
E eu, o que espero?
E você, o que espera?
E nós, o que estamos esperando?

...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Quantas vidas você tem?

Pedaços



Estive pensando...
Nesse tempo longe da cidade que aprendi a chamar de lar, muitas pessoas me fazem falta. E simplesmente faltam.
Muitas vezes me pego pensando como seria legal mostrar o caminho de casa até a faculdade pra minha irmã, levar minha mãe até sítios históricos, ou ter meus amigos aqui pra curtir aquele barzinho à beira-mar. Todos eles me fazem uma falta danada. E faltam.
Faltam quando eu preciso de alguém por perto pra contar as banalidades de todo dia - pra falar da brisa e da sua cor -, pra sair naquele final de semana entediante, para ver aquele filme no cinema, pra ouvir aquela canção...
As ferramentas da vida moderna ajudam a matar as saudades, mas parecem aumentar a distância...Não inventaram um meio de matar a vontade de estar perto.
Cada um é pedaço de mim. Que sempre falta. E tem pedaço faltando faz tempo...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Poucas Palavras



- E o que é saudade?

- Saudade? É a cicatriz da queimadura que o fogo-que-arde-sem-se-vê deixou. Sempre que você olhar para ela irá sentir novamente o calor. E a dor...

É só.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Passa tempo.



Até quando seremos reféns do tempo?
Até quando esperaremos pela sua boa vontade, pelo seu papel curandeiro, resolvedor?

“O tempo vai passar e você vai me dar razão...”
“Com o tempo você esquece...”
“O tempo coloca tudo em seu lugar...”


Dane-se!
O tempo nada mais é que um subterfúgio, um veículo de fuga, algo em que se quer colocar a solução de tudo - e nada é tão poderoso assim...

Vê:
O tempo passou - é fato.
Eu não esqueci que ainda tá tudo bagunçado.
A razão é minha.
E tenho dito.

domingo, 27 de julho de 2008

Dicionário



Constância: firmeza de ânimo, perseverança, persistência.
Ousadia: destemor, arrojo, audácia.
Racionalidade: qualidade do racional.
Atrevimento: ação de atrever-se, petulância.
Grandeza: nobreza de ânimo, magnitude.
Enobrecimento: ato ou efeito de enobrecer-se, de dignificar-se.
Medo: sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário.

Mas de que é feita a coragem mesmo?

sábado, 26 de julho de 2008

Verdade? Mentira...




Eu não entendo porque para algumas pessoas falar a verdade é tão difícil...
Será que é porque verdade é sinônimo de sinceridade e sinceridade não representa conveniência?
É... nem sempre nos é conveniente que sejamos sinceros. Quando a sinceridade envolve demonstração de sentimentos é pior ainda. Por medo, por vergonha ou sabe-se lá por qual motivo, as pessoas não têm por costume expor o que sentem e escondem-se por trás da máscara que lhes cair melhor a cada situação.
Ser sincero é uma habilidade inata que o ser humano perde com o passar do tempo. Isso se pode comprovar na conhecida máxima que diz que “nada é mais verdadeiro que o sorriso de uma criança”.
Ontem, no ônibus, presenciei uma cena interessante. Um menino ao ver da janela um senhor que teve as pernas amputadas, exclamou para a mãe: “- Olha mãe, o homem não tem as pernas!”. A mãe logo o repreendeu envergonhada: “Meu filho, isso não se diz. Quando você vir uma pessoa sem os braços ou sem as pernas você não fala.”
O menino estava sendo sincero, reportando admirado algo que talvez estivesse vendo pela primeira vez na vida. Da próxima vez que se admirar com algo, pode ser que não exprima o que sente porque foi repreendido. Assim é que, no decorrer de nossas vidas, aprendemos a mentir, a esconder o que sentimos e o que pensamos.
Não quero com isso, que a partir de agora todo mundo aponte uma pessoa aleijada na rua e faça uma exclamação. Não é isso. Só quero que percebamos quantos fatos semelhantes ocorreram para que nos tornássemos os seres falsos que somos hoje. Se você for homem lembre-se daquela vez que você chorou por um motivo qualquer e lhe repreenderam dizendo que “homem não chora”. Lembre-se daquela vez que você se declarou para aquela menina da escola e foi ridicularizado. Se mulher, lembre-se do coração partido. Você jurou que nunca mais iria ser enganada e se trancou para os sentimentos. E é nesse processo contínuo de repressão diária do que sente que perdemos a virtude de sermos verdadeiros.
Falsidade é uma coisa que realmente me incomoda.
Odeio meias respostas,
fatos ocultados,
problemas inventados...

O que fazer?

Não sei...

Eu sofro do problema oposto. Eu tento, mas não consigo esconder o que eu sinto...

.

Voltando...




Dizem fiquei fora
por tempo demais
e aquele agora ou nunca ficou pra trás

O que não disseram
é que voltei diferente
e que o meu agora
é daqui pra frente

Nada me amarra
Passado é propulsão
Todos meus caminhos
Começam com um pé no chão
Hoje quando o sol saiu eu resolvi voltar

[Sobrenatural - Ludov]